Medo, medo meu

Às vezes sinto alegria pela angústia que corrói meu peito. Não penso que seja algo auto-destrutivo. Acho mesmo que seja alegria por estar viva e saudável. Tenho medo de viver. Talvez mais medo de viver do que de morrer. Sinto saudade do passado. E até do que nunca aconteceu. Mas fico apavorada com esse presente maluco. Ah, angústia nossa de cada dia. Medo terrível de ter medo. Ser feliz é algo estranho ao mundo. Estamos todos acostumados a ser triste. Como mudar o imutável? Angústia, querida angústia. Enlouquecida pelo frio na barriga que me move todos os dias para o abismo da paralisia. Medo de sair do canto. Medo de ficar nele. Medo. Medo de estar viva e continuar a estar viva mesmo depois de morta. Porque a vida é coisa para ser vivida, independente da coragem e, principalmente, independente da coragem de se ter medo. Amanhã é um novo dia.